quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Primeira visita de campo.

São Miguel do Gostoso
Primeira visita ao campo de pesquisa, "Estudos Etnográficos de Algumas Comunidades Pesqueiras do RN, aconteceu no dia 17 de Outubro/2008, no Município de são Miguel do Gostoso, com entrevistas abertas, observação participante, imagens fotográficas e anotações. Tivemos contatos com a Associação de Pescadores, a Colônia dos Pescadores Z 34, a Paróquia e alguns moradores da Comunidade.

Praia do Maceió

O Município de São Miguel do Gostoso localizado no litoral nordeste, pertencente à microrregião leste Potiguar, no RN, ocupando uma área de 342,45 Km². Os solos da Região são compostos predominantemente por latossolos e areias, em geral profundos, excessivamente drenados, ácidos e fertilidade natural muito baixa. A vegetação é caracterizada pela caatinga hipexerófila e cerrado, sendo o clima tropical chuvoso com verão seco, com chuvas se distribuindo no período de Janeiro a Agosto e precipitação média anual de 974 mm (EMBRAPA SOLOS, 2000). Em 2000, a população municipal era de 7.580 habitantes, destes 2.902 pessoas habitavam na sede do município e 4.678 pessoas nas demais localidades tendo portanto maior parte da população morando e trabalhando no campo. São Miguel do Gostoso se situa entre os munícipios de mais baixos indicadores sociais do Rio Grande do Norte. Segundo o IBGE a taxa de alfabetização é de 56,10%, o percentual de indigentes atingem 55,51% da população, enquanto 81,00% se encontram no nível de pobreza (IDEMA, 2005). As principais atividades econômicas do município são a agricultura e a pesca artesanal (em 2003 existia cerca de 500 pescadores), recentemente o turismo tem crescido em importância na sede.

Altar da Igreja
A Paróquia tem como Padroeiro São Miguel Arcanjo

Lixo no Lixo

AVISO:
Ao chegar a Comunidade verifique que em ambos os lados existem depósitos para lixo, por isso, não jogue nas vias do calçamento qualquer resíduo de alimento ou objetos inutilizados (papel, plásticos...). São tambores de plásticos, maioria azul, que fica bem visível a beira da estrada e nas Praias.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

GT 16 - Pescadores e Meio Ambiete

A semana de humanidades ocorrida entre 20 a 24/10, na UFRN, aconteceram vários mini cursos e GTs. O GT 16, coordenado por Francisca Miller (CCHLA-DAN) e Anelino Francisco (CCHLA-Geog), aconteceu no dia 24/10 na sala D1 do setor II. Veja algumas fotos dos trabalhos apresentados e seus resumos.
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GT 16 - Pescadores e Meio Ambiente
Coordenador(es): Profa. Dra. Francisca de Souza Miller e Prof. Dr. Anelino Francisco da Silva
Contato(s): miller@ufrnet.br
Departamento: Antropologia e Geografia
Resumo: Este GT tem por objetivo reunir os pesquisadores que, desenvolvem estudos e pesquisas em e/ou com sociedades e comunidades de pescadores (marinhos, fluviais ou lacustres) e/ou sobre temas que envolvem essa atividade econômica e as relações que ela estabelece com outras esferas da vida social e cultural: sustentabilidade, meio ambiente, políticas de preservação sócio-ambiental e de desenvolvimento, conhecimentos tradicionais, conflitos e formas de mobilização, cultura material, religião, memória, etc. Desejamos, também, estabelecer vínculos entre pesquisadores que se têm dedicado a estudar os mais variados aspectos de um panorama que, na nossa região, vem recebendo uma atenção intermitente por parte das ciências sociais, ao passo que alguns setores das ciências naturais (biologia, oceanografia, ecologia) se voltam para as sociedades da pesca com fortes motivações de conhecimento. Assim, gostaríamos de medir o estado da arte dos estudos antropológicos e da geografia cultural nesse setor e traçar novas perspectivas de estudo interdisciplinar.

1º) Apresentação:

O primeiro trabalho a ser apresentado foi o de Liliany Fernandes Ferreira com o título: Uma Etnografia da Pesca no Canto do Mangue - Natal/RN, do departamento de Antropologia da UFRN. Liliany teve como orientadora a Dra. Francisca de Souza Miller.

Esse trabalho tem como objetivo realizar uma pesquisa etnográfica da pesca no Canto do Mangue no município de Natal/RN, com a finalidade, de contribuir para os estudos de pesca no Brasil. Buscamos mostrar a situação sócio-econômica da comunidade de pescadores do Canto do Mangue, um local pouco favorecido pelas autoridades governamentais e desvalorizado pelos próprios moradores. Durante a pesquisa de campo utilizamos à observação participante e a entrevista aberta. Para o registro dos dados usamos o gravador, o diário de campo e a máquina fotográfica. Para a realização do presente estudo, entrevistamos seis homens e quatro mulheres. Abordamos questões relacionadas aos aspectos históricos do bairro das rocas, a devastação dos manguezais, a mudança, a situação social e econômica dos pescadores, tipos de embarcações utilizadas na localidade e as dificuldades encontradas na pesca.

2ª) Apresentação:


O segundo apresentador Anelino Francisco da Silva teve como título: Pesca e pescarias no Rio Grande do Norte, do departamento de Geografia/UFRN.

No Rio Grande do Norte, a pesca costeira ocorre de Baía Formosa ( 6° 22. 10. sul) a Tibau (37° 26. 05. oeste), ao longo de 399 km de extensão, em 76 comunidades pesqueiras. Segundo Cortez, nas comunidades costeiras, um efetivo de 20 mil pescadores trabalham nessa atividade. O objetivo desta pesquisa é analisar a pesca costeira artesanal, em suas dimensões socioeconômica, cultural nas unidades espaciais pesqueiras. A pesca é uma atividade econômica que produz um gênero alimentício importante, por isso merece dos governos federal e estadual a implementação de políticas públicas que garantam ao homem do mar o uso dos recursos e, por extensão essa atividade produtiva. A frota pesqueira e da ordem 3.470 embarcações, a maior parte das quais tem menos de 12 metros de comprimento e capacidade inferior a 29 toneladas brutas de arqueação. As embarcações são confeccionadas com madeira, possuem sistema de conservação de gelo, mas suas viagens não ultrapassam 15 dias. Praticamente, não possuem equipamentos de auxílio à pesca e à navegação, com exceção do GPS. Essas embarcações, excetuando-se três pequeno atuaneiros de propriedades de empresas de pesca, pertencentes aos armadores. As motorizadas, na sua maioria, dedicam-se à captura de lagosta, com rede de espera, caçoeira e mergulho, com auxílio de compressor, enquanto as embarcações a vela e remo operam com linha, de rede de espera e outros equipamentos. O fato de a pesca basear-se na captura de recursos não totalmente controlados não permite que a racionalidade capitalista se imponha nela, em especial no setor da produção. Apesar dos processos que reduzem a incerteza da captura, como também emprego de tecnologias e do surgimento de novas áreas de produção, a atividade pesqueira é marcada por uma forte influência da dinâmica da natureza, que determinam os ciclos de reprodução e de mobilidade das espécies.

3ª) Apresentação


Título:Entendendo sistemicamente relações entre fatores de ameaças e oportunidades na carcinicultura do RN, dos alunos Max Leandro de Araujo e Juliana Maria Tenório de Lima, do departamento de Admistraçao (CCSA/UFRN) tem como orientador: MIGUEL EDUARDO MORENO ANEZ

O trabalho aborda sistemicamente as relações entre fatores de ameaças e oportunidades na criação de camarão no estado do Rio Grande do Norte. Durante a realização do trabalho procurou-se analisar as variáveis que influenciam no desenvolvimento da carcinicultura no estado e as inter-relações existentes entre elas através de diagramas causais. A metodologia utilizada envolve a construção dos diagramas a partir da revisão bibliográfica da literatura que trata do cultivo do camarão, do Pensamento Sistêmico; e da realização de entrevistas (com perguntas abertas) com pessoas ligadas a carcinicultura. A partir da interpretação do último diagrama percebeu-se que "clima" e "área propícia" são fatores que se destacam como oportunidades aqui no estado, mas infelizmente o baixo investimento em "pesquisa", falta de "mão de obra" qualificada e "riscos ambientais" apresentam-se como ameaças a carcinicultura. Chegou-se a conclusão que: as ameaças e oportunidades estão bem relacionadas, o que pede maior cuidado na dosagem de atenção para cada fator; fatores de ameaças podem ser revertidos e se tornarem benéficos para o desenvolvimento da carcinicultura; o investimento em "pesquisa" pode aumentar a "rentabilidade" do produtor, seja através do melhoramento da "mão de obra", da "ração" oferecida aos crustáceos, da diminuição de "riscos ambientais" ou do controle de "doenças".


4ª) Apresentação

Teve como título: Durabilidade e mutações : representação do sensível e do discreto em dinâmicas humanas na comunidade da Vila de Ponta Negra, apresentado por Maurício Montecinos do departamento de antropologia da UFRN, orientado por Francisca Miller.

Resumo: A transformação do espaço devido ao turismo é um fator de profundas mutações na comunidade de Ponta Negra. Os rituais do quotidiano, a identidade, a paisagem, a territorialidade, a circulação, apontam para novas manifestações do sensível. A observação cinematográfica/videográfica permite transformar a experiência de terreno numa narrativa da qual permeiam gestos e processos significativos dessas manifestações. A interação do resultado, um filme, com os agentes da experiência vivida revela ao espectador uma relação dialógica. Cineasta e atores, com seu dialogo, expressam a permanência ou a variação da tradição de uma comunidade pesqueira, pouco a pouco absorvida pelo desenvolvimento urbano.
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Todos os trabalhos mereceram aplausos e agradecimento, por parte da coordenadora Francisca Miller, como também dos presentes daquele dia. foi uma troca de informações novas, obtemos conhecimentos, tiramos nossas dúvidas através das perguntas, debates e slides, referentes aos
trabalhos.
Agradecemos a todos que estiveram presentes.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

As comunidades tradicionais

Como se classificam as Comunidades Tradicionais?

Para o governo federal, estes povos devem se organizar de forma distinta, ocupar e usar territórios e recursos naturais para manter a sua cultura, mas será que é só isso?


A Constituição Federal diz que os Povos e Comunidades Tradicionais são grupos que possuem culturas diferentes da cultura predominante na sociedade e se reconhecem como tal. Estes grupos devem se organizar de forma distinta, ocupar e usar territórios e recursos naturais para manter a sua cultura, tanto no que diz respeito à organização social quanto à religião, à economia e à ancestralidade. Na utilização de tais recursos, devem se utilizar de conhecimentos, inovações e práticas que foram criados dentro deles próprios e transmitidos oralmente e na prática cotidiana pela tradição.
Para ser reconhecido como comunidade tradicional, o grupo precisa trabalhar com desenvolvimento sustentável, termo recente no vocabulário popular, que significa que o uso dos recursos naturais deve ser equilibrado e voltado para a melhoria da qualidade de vida da geração atual além de assegurar a mesma possibilidade para as próximas gerações. Em 2004, foi criada a Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais, com a finalidade, entre outras, de estabelecer e acompanhar a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais. Com representantes de diversos ministérios, a comissão teve a responsabilidade de definir o que são as comunidades tradicionais.
Este ano, o governo federal classificou os povos e comunidades tradicionais (pelo decreto nº6040 de 2007), bem como se ocupou na criação de políticas públicas para os mesmos. Os povos que atualmente preenchem o perfil exigido pelo governo para serem classificados como povos tradicionais são: Índios, Quilombolas e Povos da Floresta. O tamanho dos territórios necessários para que tais comunidades mantenham suas culturas é decidido pelo governo, como indicado no artigo 231 da constituição federal.
Por mais que as três comunidades se encaixem no perfil demandado pelo governo, as necessidades de cada uma devem ser bem analisadas e garantidas para que o desenvolvimento sustentável possa ser mantido e a preservação da cultura ser efetivada. O acesso à educação e assistência salutar diferenciadas são tão importantes para a existência destes povos quanto o direito à terra.
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Comunidades negras tradicionais
Abdias do Nascimento , Professor Benemérito da Universidade do Estado de Nova York e doutor "Honoris Causa" pela Universidade de Brasília, ao falar sobre mestiçagem e cultura negra, diz que a persistência da cultura africana não ocorreu devido à benevolência dos colonizadores, mas sim à inventividade e perseverança dos africanos e de seus descendentes. Essa afirmação fica bem clara quando se analisa uma comunidade quilombola.
Como está citado na introdução do projeto Brasil Quilombola, apresentado em 2004 pela Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial, “No imaginário social, quilombo é algo do passado que teria desaparecido do país junto ao sistema escravocrata, em maio de 1888. As denominadas comunidades remanescentes de quilombos ainda causam grande surpresa na população brasileira, quando surgem notícias nos meios de comunicação sobre a sua existência (...)”
O termo quilombo não é mais usado para se referir às terras ocupadas por escravos fugidos, mas sim para referir-se a terras que resultaram da compra por negros libertos; da posse pacífica por ex-escravos de terras abandonadas pelos proprietários em épocas de crise econômica; da ocupação e administração das terras doadas aos santos padroeiros ou de terras adquiridas ou entregues a antigos escravos organizados em quilombos.
Os quilombos são terra fértil para pesquisa histórica. Normalmente localizados em zonas rurais, a visibilidade dos quilombos tem aumentado consideravelmente com uma maior exploração do turismo cultural. A música e a dança negras têm ganhado um considerável espaço tanto no mundo acadêmico quanto em meio à sociedade de forma mais geral, que começa a conhecer o Jongo, o Calango e a Folia de Reis.
Em entrevista ao Observatório Jovem, as historiadoras Hebe Matos e Martha Abreu falaram sobre a pesquisa “Jongos, calangos e folias: memória e música negra em comunidades rurais do Rio de Janeiro”. Ao falar dos quilombos, Martha e Hebe destacam que todos têm uma historia familiar muito parecida. “O mesmo complexo e o mesmo vocabulário natural existe tanto em Bracuí (Angra dos Reis) quanto em Duas Barras. No Bracuí, litoral sul fluminense, que foi porto clandestino de tráfico de escravos, os moradores têm muita memória de desembarques, de navios afundados, de (navios) clandestinos. Desses lugares, no século XIX (africanos) vão pra Valença, Duas Barras, Piraí, pra região cafeeira. No século XX, com a estrada de ferro (eles) vão trabalhar em plantações na Baixada Fluminense e cidade do Rio de Janeiro.”
Na pesquisa de Martha e Hebe, os jovens, apesar de não serem os principais sujeitos da mesma, tiveram grande destaque e causaram surpresa às pesquisadoras, quando se mostraram à frente do movimento de manutenção das tradições.
Como citado pelos pesquisadores do Observatório Jovem, Priscila Bastos e Paulo Carrano, no texto “Trajetória de uma jovem quilombola, entre vivências e projetos”, jovens líderes estão assumindo a frente de lutas, organização e preservação dos valores culturais de suas comunidades.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Barra de Tabatinga: Terra do povo, Mar de todos

O interesse de Francisca Miller por comunidades tradicionais da pesca começou durante um treinamento de um curso de antropologia Marinha - na Praia de Búzios, Município de Nísia Floresta, RN. Foi observado alguns problemas enfrentados por essa comunidade . Através de um levantamento por Tom Miller e sua equipe chegou-se a conclusão que havia poucas infromações científicas sobre as comunidades litorâneas no Brasil.
A comunidade de Barra de Tabatinga, localizado ao sul de Natal (RN), foi o alvo para compreender melhor esse tipo de comunidade (pesquisa realizada entre 1990 e 1993), tomar conhecimento de outras análises antropológicas de comunidades de pescadores realizadas não só no Brasil, como também na Europa.
De 1982 a 1984, a estradaque liga Natal a Barra de Tabatinga passando por Pirangi do Sul, só era pavimentada até Búzios, que fica a 3 km de Barra. Enquanto as dificuldades de acesso mantinha (segundo os informantes) Barra isolada até 1985, já nos anos de 1983 e 1984, observou-se que a presença de veranistas e turistas em Pirangi do sul era a causa principal da rápida mudança tanto na economia quanto nos padões valorativos desses grupos dentro da cultura praieira a tal ponto que muito da realidade já se apresenta totalmente descaracterizado.
Localização: Barra de Tabatinga fica no litoral sul do Rio Grando do Norte, no município de Nísia Floresta microrregião de São José de Mipibu, a 35 quilômetros de natal. A região possui um clima tropical midificado pelos alísios, e com uma vegetação de Mata Atlântica latifoliada, em extermínio.
Nessa comunidade o trabalho é uma atividade social que une as pessoas tanto no mar quanto na terra - os pescadores agricultores. As diferenças do meio e as características de sobrevivência de seus mais variados métodos artesanais usado tanto no mar quanto na terra.
Com aproximadamente 360 pessoas o trabalho de campo consistia em observação e coleta de dados, nas prática domésticas e comunitárias diárias, fatos de observação direta e fatos verbalizados pelos informantes com gravação das conversas e com o uso de máquina fotográfica.
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A investigação participativa dentro da comunidade fez-se compreender o dia-a-dia de quem dependem da natureza para arrecadar o sustento familiar.
O meio faz o homem criar sua própria tecnologia e adaptá-las as dificuldades conforme a necessidade; proveita os recursos para abastecer a economia local.
A terra possibilita a plantação, e os pecadores-agricultores conhecem a terra que serve para os tipos diferentes de plantio como a mata existente serve para a captura de alguns animais, a lenha para o cozimento e material para a pesca. Na colheita de variados frutos, do côco é o produto mais usado na comunidade.
No mar os arrecifes oferece o carangueijo, mas já em alto mar é utilizado a modalidade de pesca, a rede e a linha, que são também usado na lagoa. As Jangadas, que são embarcações típicas do litoral, também se transforma de acordo com as condições da região e economia. A jangada de casco precisa de muito material, pois a mão de obra é complicada e custos elevados. Já a jangada com "cavername" de isopor tem a vantagem, não afunda. Na jangada existe todo o material usado nas viagens de pesca, são eles: redes de pesca (caçoeira), a âncora, anzol e o esforço humano que é dividido sobre a embarcação no local apropriado para a pesca que são no máximo três pessoas que facilitam o trabalho de união, mas, existem alguns que ainda se arriscam usando compressor.
Antes se trabalhava muito mais na agricultura por ter terras disponíveis, hoje, são valorizadas por imobiliárias onde a própria comunidade vendem até mesmo aos veranistas, que constroi onde antes servia para pastoreio, acabam não tendo onde plantar aproveitando os quintais de suas residencias, pois, perderam posse e registro em cartório e aqueles que tem terras e faz a distribuição com a família, sofre com a escassez de terra para plantar e pastorear. Na roça a plantação de macaxeira e mandioca são os produtos principais. A mandioca vai direto para as casas de farinha onde fabricam a farinha, o beiju e o grude. A produção era maior porque não tinha estradas para escoar a produção, além disso, há uma troca de alimentos e todos se ajudam com o que tem e o trabalho manual é compartilhado em família.
Não tem dia certo para pescar. somente quando o vento favorece é que saem para a pesca. então, o dinheiro que tem, economizam. O pescador-agricultor pode fazer um trabalho solidário em sua roça, mas não pode fazer o mesmo em relação a pesca. O mar é ao mesmo tempo de todos, não constitui objeto de apropriação privada ou acesso diferencial, mas na terra possibilita essa propriação com base na estrutura familiar.
A pesca e o roçado permite a prática de suas atividades sintetizando na dupla identidade auto-atribuida: pescadores-agricultores (BECK, 1989, p 291). A articulação entre roçado e pesca parece ter uma importância fundamental na organização da vida econômica, bem como toda a sua organização social, pois o trabalhado vai medir as relações sociais entre as pessoas nessa comunidade. A pesca é dividida entre parentes, amigos, tudo é feito conforme as condições do mar e da terra.
Em relação ao parentesco, é transmitido através da descendência bilateral com residência neolocal, sendo assim, o parentesco nessas comunidades é a via normal de procurar ajuda para estudos ou algo material. Não foi constatado caso em que o pescador-Pai trabalhasse junto com o filho. Evitam levar uma terceira pessoa, mesmo ficando pesado o serviço, para evitar dividir com um não parente. As relações de parentesco e amizade são referencial para o trabalho na tera ou no mar a aqueles que tem experiência no ramo. Os pescadores de redes por terra é de homens, parentes, que pescam para o consumo doméstico mas normalmente trabalham em outras atividades remuneradas.
O pescador-agricultor tem como função não só organizar a produção como também o consumo. Fora a pesca e o roçado alguns homens trabalham na construção de casas durante o período de dezembro a janeiro, fazer carvão e vigiar casas.
Sobre as embarcações pequenas, elas não tem como chegar tão longe, por isso muitos dizem preferir a embarcação a motor que possibilita a pesca em locais mais distantes e peixes maiores. No inverno ( de março a agosto) a vida se torna mais difícil. Há uma queda na produção, venda e consumo. Quando há fartura compartilha-se com todos os parentes mais próximo e compadrio.
Nos trabalhos domésticos, os homens, além de não fazer trabalhos considerados "de mulher", ainda as exclui de unidade de produção da pesca em alto mar. O mar e o roçado é trabalho de homens, as mulheres só ajudam. No passado as mulheres faziam labirinto e renda.
As festas tradicionais da região: Em julho, são Pedro; Outubro, Nsa. Sra. de Fátima (Padroeira); DEzembro, as festas de Natal; Fevereiro e Março, o Carnaval.
Barra de Tabatinga hoje.

MILLER, Francisca de Souza. "Barra de Tabatinga: terra do povo, mar de todos: a organização social de uma comunidade de pescadores do Litoral do rio Grande do norte. EDFURN Editora da UFRN, 2002.

Por Cláudio Rogério.

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