A semana de humanidades ocorrida entre 20 a 24/10, na UFRN, aconteceram vários mini cursos e GTs. O GT 16, coordenado por Francisca Miller (CCHLA-DAN) e Anelino Francisco (CCHLA-Geog), aconteceu no dia 24/10 na sala D1 do setor II. Veja algumas fotos dos trabalhos apresentados e seus resumos.
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GT 16 - Pescadores e Meio Ambiente
Coordenador(es): Profa. Dra. Francisca de Souza Miller e Prof. Dr. Anelino Francisco da Silva
Contato(s): miller@ufrnet.br
Departamento: Antropologia e Geografia
Resumo: Este GT tem por objetivo reunir os pesquisadores que, desenvolvem estudos e pesquisas em e/ou com sociedades e comunidades de pescadores (marinhos, fluviais ou lacustres) e/ou sobre temas que envolvem essa atividade econômica e as relações que ela estabelece com outras esferas da vida social e cultural: sustentabilidade, meio ambiente, políticas de preservação sócio-ambiental e de desenvolvimento, conhecimentos tradicionais, conflitos e formas de mobilização, cultura material, religião, memória, etc. Desejamos, também, estabelecer vínculos entre pesquisadores que se têm dedicado a estudar os mais variados aspectos de um panorama que, na nossa região, vem recebendo uma atenção intermitente por parte das ciências sociais, ao passo que alguns setores das ciências naturais (biologia, oceanografia, ecologia) se voltam para as sociedades da pesca com fortes motivações de conhecimento. Assim, gostaríamos de medir o estado da arte dos estudos antropológicos e da geografia cultural nesse setor e traçar novas perspectivas de estudo interdisciplinar.
1º) Apresentação:
O primeiro trabalho a ser apresentado foi o de Liliany Fernandes Ferreira com o título: Uma Etnografia da Pesca no Canto do Mangue - Natal/RN, do departamento de Antropologia da UFRN. Liliany teve como orientadora a Dra. Francisca de Souza Miller.
Esse trabalho tem como objetivo realizar uma pesquisa etnográfica da pesca no Canto do Mangue no município de Natal/RN, com a finalidade, de contribuir para os estudos de pesca no Brasil. Buscamos mostrar a situação sócio-econômica da comunidade de pescadores do Canto do Mangue, um local pouco favorecido pelas autoridades governamentais e desvalorizado pelos próprios moradores. Durante a pesquisa de campo utilizamos à observação participante e a entrevista aberta. Para o registro dos dados usamos o gravador, o diário de campo e a máquina fotográfica. Para a realização do presente estudo, entrevistamos seis homens e quatro mulheres. Abordamos questões relacionadas aos aspectos históricos do bairro das rocas, a devastação dos manguezais, a mudança, a situação social e econômica dos pescadores, tipos de embarcações utilizadas na localidade e as dificuldades encontradas na pesca.
2ª) Apresentação:
O segundo apresentador Anelino Francisco da Silva teve como título: Pesca e pescarias no Rio Grande do Norte, do departamento de Geografia/UFRN.
No Rio Grande do Norte, a pesca costeira ocorre de Baía Formosa ( 6° 22. 10. sul) a Tibau (37° 26. 05. oeste), ao longo de 399 km de extensão, em 76 comunidades pesqueiras. Segundo Cortez, nas comunidades costeiras, um efetivo de 20 mil pescadores trabalham nessa atividade. O objetivo desta pesquisa é analisar a pesca costeira artesanal, em suas dimensões socioeconômica, cultural nas unidades espaciais pesqueiras. A pesca é uma atividade econômica que produz um gênero alimentício importante, por isso merece dos governos federal e estadual a implementação de políticas públicas que garantam ao homem do mar o uso dos recursos e, por extensão essa atividade produtiva. A frota pesqueira e da ordem 3.470 embarcações, a maior parte das quais tem menos de 12 metros de comprimento e capacidade inferior a 29 toneladas brutas de arqueação. As embarcações são confeccionadas com madeira, possuem sistema de conservação de gelo, mas suas viagens não ultrapassam 15 dias. Praticamente, não possuem equipamentos de auxílio à pesca e à navegação, com exceção do GPS. Essas embarcações, excetuando-se três pequeno atuaneiros de propriedades de empresas de pesca, pertencentes aos armadores. As motorizadas, na sua maioria, dedicam-se à captura de lagosta, com rede de espera, caçoeira e mergulho, com auxílio de compressor, enquanto as embarcações a vela e remo operam com linha, de rede de espera e outros equipamentos. O fato de a pesca basear-se na captura de recursos não totalmente controlados não permite que a racionalidade capitalista se imponha nela, em especial no setor da produção. Apesar dos processos que reduzem a incerteza da captura, como também emprego de tecnologias e do surgimento de novas áreas de produção, a atividade pesqueira é marcada por uma forte influência da dinâmica da natureza, que determinam os ciclos de reprodução e de mobilidade das espécies.
3ª) Apresentação
Título:Entendendo sistemicamente relações entre fatores de ameaças e oportunidades na carcinicultura do RN, dos alunos Max Leandro de Araujo e Juliana Maria Tenório de Lima, do departamento de Admistraçao (CCSA/UFRN) tem como orientador: MIGUEL EDUARDO MORENO ANEZ
O trabalho aborda sistemicamente as relações entre fatores de ameaças e oportunidades na criação de camarão no estado do Rio Grande do Norte. Durante a realização do trabalho procurou-se analisar as variáveis que influenciam no desenvolvimento da carcinicultura no estado e as inter-relações existentes entre elas através de diagramas causais. A metodologia utilizada envolve a construção dos diagramas a partir da revisão bibliográfica da literatura que trata do cultivo do camarão, do Pensamento Sistêmico; e da realização de entrevistas (com perguntas abertas) com pessoas ligadas a carcinicultura. A partir da interpretação do último diagrama percebeu-se que "clima" e "área propícia" são fatores que se destacam como oportunidades aqui no estado, mas infelizmente o baixo investimento em "pesquisa", falta de "mão de obra" qualificada e "riscos ambientais" apresentam-se como ameaças a carcinicultura. Chegou-se a conclusão que: as ameaças e oportunidades estão bem relacionadas, o que pede maior cuidado na dosagem de atenção para cada fator; fatores de ameaças podem ser revertidos e se tornarem benéficos para o desenvolvimento da carcinicultura; o investimento em "pesquisa" pode aumentar a "rentabilidade" do produtor, seja através do melhoramento da "mão de obra", da "ração" oferecida aos crustáceos, da diminuição de "riscos ambientais" ou do controle de "doenças".
4ª) Apresentação Teve como título: Durabilidade e mutações : representação do sensível e do discreto em dinâmicas humanas na comunidade da Vila de Ponta Negra, apresentado por Maurício Montecinos do departamento de antropologia da UFRN, orientado por Francisca Miller.
Resumo: A transformação do espaço devido ao turismo é um fator de profundas mutações na comunidade de Ponta Negra. Os rituais do quotidiano, a identidade, a paisagem, a territorialidade, a circulação, apontam para novas manifestações do sensível. A observação cinematográfica/videográfica permite transformar a experiência de terreno numa narrativa da qual permeiam gestos e processos significativos dessas manifestações. A interação do resultado, um filme, com os agentes da experiência vivida revela ao espectador uma relação dialógica. Cineasta e atores, com seu dialogo, expressam a permanência ou a variação da tradição de uma comunidade pesqueira, pouco a pouco absorvida pelo desenvolvimento urbano.
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Todos os trabalhos mereceram aplausos e agradecimento, por parte da coordenadora Francisca Miller, como também dos presentes daquele dia. foi uma troca de informações novas, obtemos conhecimentos, tiramos nossas dúvidas através das perguntas, debates e slides, referentes aos
trabalhos.
Agradecemos a todos que estiveram presentes.